O Impacto da Negligência Paterna na Mãe e no Filho

 

A pensão alimentícia não é um favor concedido pelo pai, mas um direito essencial do filho e uma obrigação legal. No entanto, muitas mães enfrentam resistência e humilhação ao exigir esse direito, lidando com pais que se recusam a contribuir de forma justa para o sustento dos filhos. Essa negligência financeira e emocional gera efeitos profundos tanto na mãe quanto no filho, afetando sua estabilidade emocional, sua autoestima e até suas perspectivas de futuro.  

O Efeito na Mãe: Humilhação e Carga Mental Extrema

Quando um pai minimiza suas responsabilidades e ainda faz a mãe sentir vergonha por cobrar a pensão, ele não apenas negligencia seu papel paterno, mas também contribui para um ciclo de sofrimento psicológico. Muitas mães, ao pedirem um valor justo para sustentar o filho, são ridicularizadas, acusadas de interesseiras ou manipuladas emocionalmente. Esse tipo de comportamento pode ser caracterizado como violência psicológica e moral, uma forma de abuso que desqualifica a mulher e mina sua autoestima.  

Além disso, a carga emocional de ter que lutar judicialmente por algo que deveria ser natural gera estresse, ansiedade e exaustão mental. A mãe, que já acumula responsabilidades financeiras e afetivas, precisa se desgastar para garantir o básico para o filho, enquanto o pai usa sua resistência como uma forma de poder e controle. Essa dinâmica pode gerar impactos psicológicos profundos, levando a sintomas de depressão, desesperança e sensação de injustiça.  

O Efeito no Filho: Sentimento de Rejeição e Insegurança

A criança ou adolescente percebe a negligência do pai, mesmo que ninguém fale diretamente sobre isso. Quando o filho vê a mãe lutando para conseguir um mínimo de contribuição e percebe que o pai se recusa a ajudar, ele pode desenvolver um sentimento de rejeição e desvalorização. O filho pode se perguntar: "Se meu próprio pai não quer me ajudar, será que eu tenho valor?”

Esse abandono financeiro muitas vezes reflete um abandono afetivo. A criança não vê apenas a ausência de dinheiro, mas a ausência de cuidado e compromisso. Esse tipo de situação pode gerar baixa autoestima, dificuldades emocionais e até problemas no desenvolvimento das relações interpessoais no futuro, pois o filho aprende que pessoas importantes podem ser negligentes e indiferentes às suas necessidades.  

Além disso, a falta de suporte financeiro pode limitar as oportunidades do adolescente. Muitos jovens precisam abrir mão de cursos, materiais escolares adequados e até de cuidados médicos, comprometendo seu desempenho acadêmico e seu futuro profissional. A ausência de uma base financeira estável pode criar um ciclo de dificuldades que poderia ser evitado caso o pai assumisse sua responsabilidade. 

A Responsabilidade que Vai Além do Dinheiro

Muitos pais acreditam que a pensão é um fardo imposto a eles, mas esquecem que o objetivo não é punir ninguém – é garantir que o filho tenha uma vida digna e as oportunidades que merece . A responsabilidade paterna vai muito além do dinheiro: envolve presença, suporte emocional e compromisso real com o bem-estar do filho.  

Quando um pai se recusa a pagar uma pensão justa e ainda humilha a mãe no processo, ele não está apenas ferindo a mulher, mas está deixando cicatrizes profundas no filho. O impacto dessa negligência pode ser sentido por anos, afetando a forma como o jovem se vê no mundo e como ele constrói suas próprias relações no futuro.  

A pensão, por si só, não substitui a presença afetiva, mas sua ausência envia uma mensagem clara de descaso, especialmente para um filho em fase de desenvolvimento. O reconhecimento desse impacto psicológico é essencial para que mães, terapeutas e a própria Justiça possam intervir de maneira mais eficaz, garantindo não apenas o direito financeiro, mas a reparação emocional do adolescente.

A Universidade de Harvard, por meio do Center on the Developing Child, conduziu pesquisas que elucidam os impactos duradouros da negligência parental no desenvolvimento infantil. O relatório intitulado "InBrief: The Science of Neglect" destaca que a ausência de cuidados responsivos e de suporte pode afetar a formação do cérebro em desenvolvimento, prejudicando posteriormente a aprendizagem, o comportamento e a saúde. 

Conclusão 

A resistência paterna em pagar a pensão não é apenas uma questão financeira, mas um problema que envolve abandono emocional, abuso psicológico e desigualdade de gênero. Enquanto a mãe carrega o peso da criação sozinha, o filho carrega o peso da rejeição. A sociedade precisa enxergar essa realidade como uma forma de violência e garantir que mães e filhos não sejam humilhados por exigirem o que é um direito básico. O compromisso com a criação de um filho deve ser compartilhado, pois não é apenas um dever legal, mas um ato de amor e responsabilidade que impacta gerações. Você pode ajudar a fazer transformações, compartilhando essas informações para que as vítimas saibam que não estão sozinhas nessa jornada. Quem já passou por isso, ou ainda está passando comentem suas histórias e fortaleçam essa rede de apoio. 


Referencias Bibliográficas 


Damiani, M. F., & Colossi, P. M. (2015). A ausência paterna e suas implicações no desenvolvimento emocional de adultos: um estudo qualitativo.

Lima, A. P. P. (2017). Mulheres e o abandono da figura paterna: considerações teórico-clínicas a partir da psicologia analítica.

Ladislau, A. (2022). Impactos emocionais causados pela ausência da figura paterna.


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