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Altas habilidades/superdotação: mais do que talento, um universo de complexidades e possibilidades

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Por Cleonice F Andrade  Quando se fala em altas habilidades/superdotação (AH/SD), a imagem que costuma vir à mente é a de crianças prodígio resolvendo equações complexas ou dominando instrumentos musicais com maestria. Mas essa visão é apenas a ponta do iceberg. A superdotação é um fenômeno multifacetado que envolve não apenas desempenho excepcional, mas também potencial, emoções, contexto social e necessidades educacionais específicas. Reconhecer essa complexidade é essencial para compreender e apoiar adequadamente esses indivíduos. Histórico e evolução do conceito A trajetória do estudo sobre AH/SD é marcada por mudanças significativas. No início, acreditava-se que o talento extraordinário era fruto exclusivo do ambiente social e cultural. Essa visão começou a ser revista no século XX, com o avanço da psicologia e o desenvolvimento de métodos para identificar habilidades excepcionais. Um marco importante foi o trabalho de Lewis Terman, em 1921, com a criação da Escala de Inteligê...

Sinais de Relacionamentos Prejudiciais

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Por Cleonice F Andrade  Relacionamentos são sistemas dinâmicos — eles evoluem, enfrentam desafios e, por vezes, revelam padrões que comprometem o bem-estar emocional dos envolvidos. Na terapia cognitiva, observamos que os vínculos interpessoais são moldados por crenças centrais, esquemas cognitivos e mecanismos de enfrentamento. Quando esses elementos se tornam disfuncionais, o relacionamento pode deixar de ser um espaço de crescimento e se transformar em uma fonte de sofrimento. 🧠 O Que Torna um Relacionamento Prejudicial? Um relacionamento torna-se prejudicial quando os comportamentos negativos superam os positivos de forma consistente, ou quando há padrões que ferem a integridade emocional, psicológica ou física de um dos parceiros. Isso não significa que todo conflito é sinal de toxicidade — mas sim que há uma repetição de atitudes que minam a segurança, a autoestima e a liberdade do indivíduo. Momentos de estresse, traumas não resolvidos ou esquemas disfuncionais podem intens...

Dar e Receber: A Dinâmica dos Relacionamentos Saudáveis

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Por Cleonice F Andrade  A reciprocidade é uma das forças silenciosas que sustentam os relacionamentos saudáveis. Ela não se manifesta como uma contabilidade emocional, onde cada gesto é registrado e comparado, mas como uma fluidez natural entre dar e receber. Na terapia cognitiva, compreendemos essa dinâmica como uma expressão dos esquemas de valor, merecimento e conexão que cada indivíduo carrega consigo. Dar e receber não significa que cada gesto precise ser retribuído na mesma medida. Às vezes, um parceiro está mais vulnerável, passando por uma fase difícil, e precisa de mais apoio. Em outros momentos, o outro assume naturalmente o papel de cuidador. Esse desequilíbrio é saudável quando há consentimento, respeito e reconhecimento mútuo. 🧠 Esquemas Cognitivos e a Troca Afetiva A forma como uma pessoa dá ou recebe está profundamente ligada aos seus esquemas cognitivos: • Esquema de merecimento: “Sou digno de cuidado” → facilita o recebimento. • Esquema de subjugação: “Preciso cui...

A comunicação nos relacionamentos saudáveis

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Por Cleonice F Andrade  Ao longo de minha trajetória como psicóloga e praticando a terapia cognitiva, uma verdade se revelou com consistência: a qualidade da comunicação entre duas pessoas é um dos maiores preditores da saúde e longevidade de um relacionamento. Seja entre parceiros românticos, amigos ou familiares, a boa comunicação não é a ausência de conflito — é a capacidade de passear por ele com empatia, clareza e respeito mútuo. 🧠 Comunicação e Esquemas Cognitivos Na terapia cognitiva, entendemos que os pensamentos, crenças e interpretações moldam a forma como nos comunicamos. Cada indivíduo carrega esquemas — estruturas mentais que organizam experiências passadas e influenciam a percepção atual. Quando esses esquemas entram em conflito, surgem mal-entendidos, reações defensivas e rupturas emocionais.  Por exemplo: • Um parceiro com o esquema de rejeição pode interpretar silêncio como desprezo. • Outro com o esquema de controle pode reagir com rigidez diante de opiniões...

Amor e Carinho: A Evolução Afetiva nos Relacionamentos Saudáveis

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Por Cleonice F Andrade  O amor é uma das experiências humanas mais complexas e transformadoras. Na prática clínica da terapia cognitiva, observamos que o amor não é apenas uma emoção — é um processo psicológico que evolui, se adapta e se aprofunda ao longo do tempo. Relacionamentos saudáveis são marcados por essa evolução: da paixão intensa à intimidade compassiva, sustentada por carinho, confiança e comprometimento. 🔥 Da Paixão ao Amor Compassivo No início de um relacionamento, é comum que os parceiros vivenciem o chamado amor apaixonado — uma combinação de desejo intenso, idealização do outro e necessidade de proximidade física. Esse estágio é impulsionado por esquemas de recompensa e expectativa, onde o parceiro é visto como fonte de prazer, validação e novidade. Com o tempo, essa intensidade tende a se estabilizar. Isso não significa que o amor diminui, mas que ele se transforma. O amor compassivo emerge como uma forma mais profunda e duradoura de conexão, marcada por: • Afeiç...

Respeito Mútuo: O Alicerce Cognitivo dos Relacionamentos Saudáveis

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Por Cleonice F Andrade Ao longo de minha trajetória na psicoterapia cognitiva, uma constante se revela nos relacionamentos que prosperam: o respeito mútuo. Mais do que uma virtude social, o respeito é uma expressão direta dos esquemas cognitivos saudáveis que cada indivíduo carrega sobre si e sobre os outros. Ele é o solo fértil onde crescem a empatia, a segurança emocional e a intimidade verdadeira. O Respeito como Reflexo dos Esquemas Cognitivos Na terapia cognitiva, compreendemos que os comportamentos interpessoais são moldados por crenças centrais e pensamentos automáticos. Quando um indivíduo acredita que “sou digno de consideração” e “os outros merecem respeito”, essas crenças se manifestam em atitudes que promovem vínculos saudáveis. Por outro lado, esquemas disfuncionais — como inferioridade, desvalorização ou desconfiança — podem gerar comportamentos de crítica, negligência ou controle. O respeito mútuo, portanto, não é apenas uma prática relacional, mas um reflexo da saúde co...

Quando Amar Também É Saber Dizer Não

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Por Cleonice F Andrade  Na prática clínica da terapia cognitiva, uma das questões mais recorrentes que observo em casais é a dificuldade de estabelecer e respeitar limites. Embora muitas vezes negligenciados ou confundidos com barreiras emocionais, os limites saudáveis são, na verdade, estruturas essenciais que permitem que o relacionamento floresça com respeito, autonomia e segurança.  A Função Cognitiva dos Limites Limites são representações externas de crenças internas. Eles refletem os esquemas cognitivos que cada indivíduo carrega sobre si mesmo, sobre os outros e sobre o mundo. Quando uma pessoa estabelece um limite — por exemplo, o direito à privacidade digital ou ao tempo com amigos — ela está afirmando uma crença fundamental: “Tenho valor e mereço respeito”. A ausência de limites claros pode indicar esquemas disfuncionais, como: • Esquema de Subjugação: “Minhas necessidades não importam.” • Esquema de Abandono: “Se eu não ceder, serei deixado.” • Esquema de Controle: ...